Documentos pingentes, soltam e vão com o vento, que os dobra, amassa, rasga, assopra.
Foram-se as provas. Difícil saber, assim, quem era.
O vento trouxe de volta um dos rasgos. Chegou rodopiante, onde lia-se “o coração”.
Guardou o pedaço de papel no bolso, com uma única certeza sobre si: o coração era o que tinha.
Quem sabe, preferisse de volta rasgos de cérebro e coragem.
Não se pode controlar o coração, nem mesmo quando é papel rasgado ao vento. É leve e voa, vai onde quer.
Coração é assim, teimoso, caprichoso, incontrolável, voador.
Nos seus adjetivos, o coração é liberto e libertador. Na sua essência, ele enjaula, perde a chave e te deixa à própria sorte.
Nem sempre querem a chave. Querem liberdade. Aquela curiosa vontade de apenas encontrar a jaula certa. Confortável e segura.
Jaula aberta, com brisa fresca que beija teu rosto e traz paz, depois se vai, como papel rasgado ao vento.
(Para L. Frank Baum, C. Fernando Abreu e C. Lispector)
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