28 fevereiro 2013

==> Uma curta história de amor com pedaço de papel



Ela rabiscou o papel inteiro, tentando lhe escrever algo.

Passou horas vendo diminuir a tinta no tubo daquela BIC azul, com a ponta da tampa mordida.

Escrevia uma palavra e riscava outra. Rascunhos de pensamentos.

Nada que saía da caneta a convencia de que estava bom. Não conseguia chegar àquela sensação de tempestade lunar dentro do peito.

Desistiu de escrever, mas recortou um pedaço do papel com a mão, o guardou no bolso e foi ao encontro.
Olharam-se. Ela entregou-lhe aquele recorte, onde lia-se a palavra QUERO.

Ele leu e, imediatamente, a beijou. Ela sorriu... E percebeu que se preocupava demais com palavras.









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24 fevereiro 2013

==> Uma história do Vento...


Ouvi, daqui de dentro, algumas gargalhadas. 
Eram risos alegres, inocentes e travessos.
Risos de palhaçadas, daqueles que quando a gente escuta, logo procura de quem é. Risos acesos.

Mas não havia ninguém por perto. Não vi criança, não vi mulher. Nenhum homem, por acaso.
Então, quem ria tanto? Aliás, quem “riam” esses risos de peito aberto, risos descobertos, infantis, primários?
Eram risos múltiplos, não de um só. Riam vários...

Abri a janela para investigar e percebi o que era claro.
Quem gargalhava assim, eram as folhas das plantas nos vasos, felizes pelo Vento que, ao cumprir seu itinerário, por entre elas passava e as fazia cócegas. Vento danado.

Quando dei por mim, eu já estava junto, pateta, gargalhando enlouquecido.
Mas não pela graça da descoberta. Era o Vento, peralta, também me fazendo cócegas.
Esse meu Vento amigo...



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16 fevereiro 2013

==> Branca Estrela


Um pingo de tinta branca caiu. Soltou-se do pincel, porque não era rosa, violeta, nem anil.
Sem alegria em ser tinta, atirou-se ao chão. Lastimou sua falta de cor, espatifando-se no taco marrom.

Olhei para baixo. Era tão bonito o que eu vi.
Se soubesse disso, eu mesmo o teria empurrado para ele cair. Porque após fazer a sua viagem derradeira, bateu no chão e se abriu em uma linda e branca estrela.



"Ora, direis... 'eu vi' estrela..."












==> Meio trágico, concordo. Mas, assim mesmo, compartilhe e será (f)eliz!

12 fevereiro 2013

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Andava pela cidade, errante.

Passou por um telefone público que começou a tocar. Parou e virou-se para o orelhão.
Nunca havia atendido a um telefone comunitário. Não vivera a experiência de atender a um chamado de alguém desconhecido.


Lembrou-se de uma vez, quando criança, em que ouviu uma história sobre uma pessoa que recebeu um misterioso telefonema e teve a sua vida transformada.
Pensou que aquela, também, poderia ser a sua grande chance. Do outro lado, talvez estivesse aquilo o que mais esperava.

E começou a sonhar...

Sonhou tanto, que esqueceu-se do telefone, que acabou por parar de tocar.
E seguiu em frente... Sonhando.



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09 fevereiro 2013

==> (A)tormentos da Vida Privada... ou A Vida Ávida Como Ela (É)


DESABA(R)FO A VINÍCIUS (porque o Toquinho pode estar ocupado)


O teto do meu apartamento pode desabar a qualquer momento, caro diplomata.

Descobri uma infiltração de anos, quando comecei uma reforminha básica, por esses dias.

Já que aprendi a fazer esculturas na faculdade, pus a mão na massa... Literalmente.
Esbaldei-me em massa corrida, massa acrílica, sempre esquentando a massa encefálica.
Entretanto, de básica, a reforminha talvez tenha de ser avançada. Módulo II.

Mandei e-mail para a imobiliária com as fotos, em meio ao Carnaval, o que atrasará a resposta.
Mas vim aqui na internet, para documentar que, se algo acontecer comigo e/ou com os meus companheiros, Preto Van Gogh e Branco Picasso, eu avisei.

Morar no último andar não é fácil. Ainda mais quando o apartamento não é uma cobertura no Leblon, com varanda de 70m², jardim de inverno com bromélias e outras damas, e uma mesa “Bauhaus” com cor vibrante, onde constam iguarias deliciosas, feitas por uma cozinheira eficiente e carismática, com tempero materno, sob um fundo musical de qualquer cantor, que não seja o Roberto Carlos, como na novela das 9.

Em vez de luxo, eu tenho massa corrida em minha face e alma. Em vez de bromélia e outras damas, eu tenho uma lixadeira elétrica que floreia um barulho bem desagradável para mim e meus gatos. Cozinheira, nem pensar. O tempero que ando comendo, é aquele pronto do Miojo. Vez ou outra, arrisco um pouco de amor próprio, temperando o instantâneo com Sazón.
Sobre a música, no momento não ouço vossa santidade musical, mas é que eu estava treinando meus graves e, para isso, nada melhor do que tentar acompanhar o Arnaldo Antunes, que entoa a seguinte canção: "A Casa é Sua".

No mínimo irônico esse título, o senhor poderia dizer, mas é proposital. Já que eu meu autossatirizo frequentemente e, nesse caso da música do Arnaldo, em dobro, pois a voz dele, às vezes, não me deixa muito à vontade. Eu sempre acho que o titã pode perder o som da palavra em algum momento da música, pelo grave da nota.
Mas ele tem a voz naturalmente assim. Não posso esperar um Ney Matogrosso.

Voltando às minhas questões pessoais, já que "a casa é minha" (os problemas também)...

Aí, então, me dizem: Ao menos você tem um teto!
E eu respondo ao sujeito, claro que não sem antes dar um longo suspiro, abafado pelos estreitos brônquios, acometidos de poeira acrílica e “corrida”, que, por sua vez, foram acometidas de "lixa para paredes - nº 180": VÁ TE CATAR!!

E pasme! Apesar do "bocó" que vos fala, o endereço não é Rua dos Bobos, nº 0, “numa casa muito engraçada, que não tem teto e nem nada”, senhor Poetinha.

Oxalá tudo fosse música. E mesmo assim eu deveria tomar cuidado, porque até as notas musicais poderiam despencar. Cairia RÉ, MI, FÁ. Cairia até o SOL, levando o verão.
A única que ficaria (e ficou) é DÓ. De mim.

Sem mais, a não ser o bom Saravá,
D.





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01 fevereiro 2013

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Ninguém acreditaria na minha história, mas uma nuvem acabou de entrar aqui pela janela.
Tomou o ar como se fosse somente dela... E inflou.

Soprou, dançou e se transformou.

Primeiro, era uma flor. Talvez Camélia.
Em seguida, foi poeta. Acho que Florbela.
Depois, era mulher. Quem sabe Amélia.
Por fim, se foi. Eu já não sabia mais o que era. Só sabia que ainda era bela.

Mas eu sei que ninguém acreditaria na minha história, na minha rima, na minha nuvem e, muito menos, na minha janela. 
Diriam que é balela.



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