04 dezembro 2013

==> Como conheci o Vento (repostagem)

Ouvi, daqui de dentro, algumas gargalhadas. 
Eram risos alegres, inocentes e travessos.
Risos de palhaçadas, daqueles que quando a gente escuta, logo procura de quem é. Risos acesos.

Mas não havia ninguém por perto. Não vi criança, não vi mulher. Nenhum homem, por acaso.
Então, quem ria tanto? Aliás, quem “riam” esses risos de peito aberto, risos descobertos, infantis, primários?
Eram risos múltiplos, não de um só. Riam vários...

Abri a janela para investigar e percebi o que era claro.
Quem gargalhava assim, eram as folhas das plantas nos vasos, felizes pelo Vento que, ao cumprir seu itinerário, por entre elas passava e as fazia cócegas. Vento danado.

Quando dei por mim, eu já estava junto, pateta, gargalhando enlouquecido.
Mas não pela graça da descoberta. Era o Vento, peralta, também me fazendo cócegas.
Esse meu Vento amigo...



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24 novembro 2013

==> Quero teu beijo



QUERO TEU BEIJO



Quero tua boca colada
Tua boca acabada na minha
Tão minha, tão nua, só minha
A minha, tua

O momento do beijo encostado
Daquele beijo não calado, gritado
Talhado, gravado, esculpido, quebrado
Do beijo pintado, borrado a óleo, esfregado em tela
Bocas sobrepostas, beijo em aquarela

Peço teu beijo no instante pra sempre
Sorriso escorado ao meu
Grafite no muro, estampando pra mim
Alguns tantos beijos teus

Correntes de prata e couro
Beijo Punk, arrebatado
Cangaceiro, arretado
Música alta pra dançar

Peço somente um rascunho de beijo, um esboço
Não peço muito, quero pouco
Me dá teu beijo mocinho, teu toque bandido
Sorriso de donzela no altar

Beijo que fica e não solta
Instalado, diário, de hora em hora
Quero teu beijo grudado
Na minha cabeça e no resto também
Aquele beijo apertado, teu beijo na boca colado
Teu beijo na boa, de mais ninguém


Beijo vira-lata, que segue a gente em cada passo
Beijo de artista louco, mambembe que volta,
Beijo de palhaço
Ópera rock dos lábios, samba com nossos abraços
Beijo sem pudor
Presidente dos meus lábios
Eleito em campanha de amor

Lábios que acolhem os meus
Quero beijo sem adeus, nem até breve
Beijos que sorriem em mim
Fazem o meu também sorrir (e beijar mais),
Sem fazer greve

Quero teu beijo, sou sapo
Desfaz o meu encanto e me faz nobre
Quero teu beijo, sou fraco
Depois me dá um abraço e me traz sorte

Roubado da boca ou doado
Me beije o quanto puder
Teu beijo molhado, lambido - aceito o beijo que vier
Selo do momento estado, perpetuado
Beijo que salivo, desejo em par, desejo sem parar
Me beije outra vez e quantas mais quiser

04 outubro 2013

==> Coração ao vento

Vagava. Divagava por entre as flores, numa estação do sonho, onde encheu-se de seus “eus”, cultivando provas de si.
Documentos pingentes, soltam e vão com o vento, que os dobra, amassa, rasga, assopra.
Foram-se as provas. Difícil saber, assim, quem era.
O vento trouxe de volta um dos rasgos. Chegou rodopiante, onde lia-se “o coração”.
Guardou o pedaço de papel no bolso, com uma única certeza sobre si: o coração era o que tinha.

Quem sabe, preferisse de volta rasgos de cérebro e coragem.
Não se pode controlar o coração, nem mesmo quando é papel rasgado ao vento. É leve e voa, vai onde quer.

Coração é assim, teimoso, caprichoso, incontrolável, voador.
Nos seus adjetivos, o coração é liberto e libertador. Na sua essência, ele enjaula, perde a chave e te deixa à própria sorte.

Nem sempre querem a chave. Querem liberdade. Aquela curiosa vontade de apenas encontrar a jaula certa. Confortável e segura.
Jaula aberta, com brisa fresca que beija teu rosto e traz paz, depois se vai, como papel rasgado ao vento.

(Para L. Frank Baum, C. Fernando Abreu e C. Lispector)

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19 setembro 2013

==> Uma canção

Escala
Dança em mim, chacoalha
Me batalha em sorte e suor
Desperte, nessa toada
o que me colore melhor
Deita no meu azul
vamos sumir em violetas
A sua paz esquenta
Nessa paleta perfeita
Assim como faz o vento
quando te beija e não pede licença
farei o mesmo contigo
noite adentro, cores intensas
Dilui minha tinta no seu gosto
Me desenhe em seu papel
Azul embaixo, sou seu mar
Em cima, um rascunho do céu
Me escala em tua escala
Pinta meus móveis, minha casa
pinta meu corpo, meus sonhos
Deixa seu quadro risonho
decorando minha parede
esquentando nossa amizade
Seu vermelho me acende
nele tem a sua imagem

08 agosto 2013

==> Uma fábula com formiga...

Hoje eu cruzei com uma formiga na rua. Ela sorriu e eu também.
Eu quis conversar um pouco - pois sou um tanto falador e curioso - e lhe perguntei:

-- Pequenina, você não se cansa de tanto andar? Por ser tão pequena, a sua distância parece ficar muito maior do que a minha. E, enquanto eu dou passos largos, indo e voltando, eliminando o que é longe, você vai pouco. A noite cai, o dia chega, mas você não.

A formiguinha me disse que, quanto mais demorava, mais aquele caminho para ela, em que eu ia e voltava, era surpreendente. A novidade lhe vinha sempre.

Moral da história: Ao falar com formigas, muito se aprende. 



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01 agosto 2013

==> Sobre outras estrelas

Vou me enrolar um pouco na noite e deitar a cabeça na lua, enquanto as estrelas me fazem cócegas para dormir.
Estrelas peraltas, me fazem rir e, assim, não durmo logo.
E eu sei que fazem de propósito, para que tenhamos mais tempo juntos.

Me mexem e remexem, meu riso vira astro.

O que elas não sabem, é que eu também sou travesso... E não sinto cócegas. 
Finjo para tê-las. "Ora, direis, 'amar' estrelas".

(
"Certo, perdeste o senso")







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17 julho 2013

==> Sobre Dia e Noite

O dia
se você não sabe
é a noite
vestida de claro
Quando se cansa
tira sua bata
cerúleo
para esconder-se
no escuro
E veste uma camisola
de estrelas
para ser noite
inteira














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14 julho 2013

==> Sobre estrelas e a lua...


Havia marcado de encontrar-se, naquela noite, com as estrelas.
Vestiu-se com sua melhor roupa e perfumou o corpo todo para ir ao encontro.


Mas elas faltaram... Perderam-se por aí, em outros céus.
Roupa bonita em vão, perfume exalando em vão... 

Porém, nem tudo foi tempo perdido. Ali estava a Lua, pronta, brilhante e amarela, para lhe fazer companhia e clarear os seus sentidos.
















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22 junho 2013

==> Olhos

Havia um buraco na parede.
Olhou por ele e, do outro lado, viu outro olho olhando e querendo achar.
Olhos que sabem procurar.
Os dois lados não viram mais do que olhos buscando.
Olhos se olhando.
Olharam, piscaram e saíram. Pararam de buscar e foram encontrar.
Olhos a encostar.
E o buraco foi rebocado...


==> Compartilhe e (e)nxergará melhor!

01 junho 2013

==> Um Retrato


Olhou a parede vermelha do apartamento recém-pintado e sentiu falta de um quadro, naquele vazio. 

Não poderia ser uma obra qualquer. Deveria expor sentimento e novas sensações.
Pensou num retrato específico.
Teria de ser aquele retrato de tempos atrás.
Perguntou-se onde achá-lo, pois o havia perdido há tantos anos.
Vasculhou todas as prateleiras, gavetas e baús, até que o encontrou. Estava empoeirado.

Restos de sentimentos do passado, amores acabados, dores maltratadas, misturadas à poeira, que se misturava às lágrimas, que escorriam e secavam no meio do caminho. Outras poucas chegavam ao chão e espatifavam alguma dor, num emaranhando de imagens e sons, perfumes e saudades que tomavam conta daquele fraco corpo pungido.

Em seus olhos, uma crosta de lágrimas e poeira embaçava a vista. Já não se via mais imagem alguma.
Com um pedaço de pano rasgado e úmido, limpou os olhos cansados e o retrato velho. Tirou a poeira de cada canto da moldura e o pendurou na parede vermelha.
Ficou ali parado, expondo seus pensamentos para si e fitando o retrato que expunha o silêncio e a agonia de outrora.


Aos poucos, ambos empoeiravam-se novamente.












(Texto publicado no antigo "atormento.zip.net")


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07 maio 2013

==> Para o Vento

O Vento é um amigo dos mais atentos.
O Vento vai e volta sempre. O Vento vem, beija a gente e vai novamente.


Ah, amigo Vento... Sinto sua falta, mas entendo. Quando quiser, volte.
Venha do Sul ou do Norte, não demore. 
Se vier logo, eu aguento. É que você me traz sorte.

Me rodeia, tonteia, me envolve. Eu te quero mais. Muito mais!
Vá, mas volte. Vente sempre em paz.


==> Compartilhe abaixo e boas novas chegarão com o (V)ento!

23 abril 2013

==> À Rua, à Noite


A Rua estava linda... Mas sentia-se um pouco só.

Eu lhe disse que era a Noite, a responsável por sua solidão, e que, na verdade, não era culpa dela, porque a Noite deve vir sempre... Toda noite... Naturalmente.
Apenas cai, sem culpa e errante.

Então, apresentei a Rua à Noite, que explicou-lhe tudo.
Escura e doce, ela disse que quando cai, não a 
notam e, por isso, também, se sente só. Sente muito.

A Rua sorriu e a Noite também. Já não sentiam-se mais sozinhas.

Eu lhes pedi licença e entrei em casa.





==> Compartilhe abaixo e serás feliz à (N)oite e na (R)ua!

01 abril 2013

==> Escolhas


Após três dias de reclusão, em seu apartamento, à base de livros e vinhos, ambos baratos, resolveu abrir o jornal para ler o horóscopo e saber se deveria seguir algum caminho naquele dia, já que os dias que precederam, apenas lhe trancafiaram mais e os informativos ficaram intactos, empilhados em sua porta.
No texto de seu signo, dizia: “este é um dia de prosperidade, um dia de muita sorte. Talvez, o dia que tanto esperava”.

Esboçou um sorriso no rosto, finalmente, pois o mais próximo que chegara a isso, nos dias anteriores, fora ao acordar, quando bocejava, esticando a pele e contraindo a musculatura facial. A partir daí, era a mesma expressão, até o momento de se deitar para bocejar o fechamento do seu dia.

Terminada a leitura, um alívio pairou no ar. Tomou coragem e passou a vestir-se para sair.
Perfumou-se exageradamente, com aquele perfume especial que estava guardado no fundo do guarda-roupa havia tanto tempo, que criara bolhas de óleo, da essência, no fundo do vidro, mostrando-se velho.
Por fim, vestiu sua blusa laranja, a que tanto gostava e esquentaria seu corpo, tornando-o mais seguro na imensidão azul que enfrentaria. 


O sorriso, que há alguns dias fugira de seu rosto, já não era mais um esboço, parecia voltar aos poucos, traço a traço, lentamente, mas querendo fazer-se ali novamente, naquela face tão esquecida.

Saiu com certa pressa. Atravessou a rua no sinal fechado para pedestres, querendo chegar logo do outro lado, como se lá estivessem os seus princípios e glórias.
Foi quando lembrou-se de que sua assinatura do jornal havia expirado no dia anterior, e que, na verdade, toda a maravilha presente nas encorajadoras palavras lidas no horóscopo de "hoje", era do jornal de ontem.
















==> Compartilhe que, em seu horóscopo, sairão coisas (b)oas!

23 março 2013

==> Curtíssimo sobre estrela.


Sabe aquela estrela ali?

Isso. Essa mesma que você está vendo.
Essa que você vê, mesmo dentro de casa ou de olhos fechados.

Essa de luz brilhante, que brilha azul, que pisca. Essa cintilante.

Então...
Ela já se apagou. 

Mas não se preocupe. Antes de sua luz sumir, outra estrela vai assumir.













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12 março 2013

==> Um curta observação sobre a Noite...


A Noite não é para todos, porque cansa. Ou então, a Noite seria para crianças.

E está enganado quem pensa que a Noite é só "Lua e estrelas".
A Noite também espanta, não de brincadeira. 

Porque é muito comum as pessoas saírem por aí atrás da Lua, seguindo o acaso, rimando com a rua.

Quando encontram um muro, sobem lá no alto e esticam-se, como estando num palco.

Mas sem a luz que buscam, no escuro, tropeçam e caem no asfalto.

Ninguém vê, não tem público, e vão embora sem aplausos.



==> Compartilhe abaixo e dormirá melhor à (N)oite!

28 fevereiro 2013

==> Uma curta história de amor com pedaço de papel



Ela rabiscou o papel inteiro, tentando lhe escrever algo.

Passou horas vendo diminuir a tinta no tubo daquela BIC azul, com a ponta da tampa mordida.

Escrevia uma palavra e riscava outra. Rascunhos de pensamentos.

Nada que saía da caneta a convencia de que estava bom. Não conseguia chegar àquela sensação de tempestade lunar dentro do peito.

Desistiu de escrever, mas recortou um pedaço do papel com a mão, o guardou no bolso e foi ao encontro.
Olharam-se. Ela entregou-lhe aquele recorte, onde lia-se a palavra QUERO.

Ele leu e, imediatamente, a beijou. Ela sorriu... E percebeu que se preocupava demais com palavras.









==> Compartilhe abaixo e serás, ainda mais, amado(a)!

24 fevereiro 2013

==> Uma história do Vento...


Ouvi, daqui de dentro, algumas gargalhadas. 
Eram risos alegres, inocentes e travessos.
Risos de palhaçadas, daqueles que quando a gente escuta, logo procura de quem é. Risos acesos.

Mas não havia ninguém por perto. Não vi criança, não vi mulher. Nenhum homem, por acaso.
Então, quem ria tanto? Aliás, quem “riam” esses risos de peito aberto, risos descobertos, infantis, primários?
Eram risos múltiplos, não de um só. Riam vários...

Abri a janela para investigar e percebi o que era claro.
Quem gargalhava assim, eram as folhas das plantas nos vasos, felizes pelo Vento que, ao cumprir seu itinerário, por entre elas passava e as fazia cócegas. Vento danado.

Quando dei por mim, eu já estava junto, pateta, gargalhando enlouquecido.
Mas não pela graça da descoberta. Era o Vento, peralta, também me fazendo cócegas.
Esse meu Vento amigo...



==> Compartilhe abaixo e terá bons (V)entos!

16 fevereiro 2013

==> Branca Estrela


Um pingo de tinta branca caiu. Soltou-se do pincel, porque não era rosa, violeta, nem anil.
Sem alegria em ser tinta, atirou-se ao chão. Lastimou sua falta de cor, espatifando-se no taco marrom.

Olhei para baixo. Era tão bonito o que eu vi.
Se soubesse disso, eu mesmo o teria empurrado para ele cair. Porque após fazer a sua viagem derradeira, bateu no chão e se abriu em uma linda e branca estrela.



"Ora, direis... 'eu vi' estrela..."












==> Meio trágico, concordo. Mas, assim mesmo, compartilhe e será (f)eliz!

12 fevereiro 2013

==>

Andava pela cidade, errante.

Passou por um telefone público que começou a tocar. Parou e virou-se para o orelhão.
Nunca havia atendido a um telefone comunitário. Não vivera a experiência de atender a um chamado de alguém desconhecido.


Lembrou-se de uma vez, quando criança, em que ouviu uma história sobre uma pessoa que recebeu um misterioso telefonema e teve a sua vida transformada.
Pensou que aquela, também, poderia ser a sua grande chance. Do outro lado, talvez estivesse aquilo o que mais esperava.

E começou a sonhar...

Sonhou tanto, que esqueceu-se do telefone, que acabou por parar de tocar.
E seguiu em frente... Sonhando.



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09 fevereiro 2013

==> (A)tormentos da Vida Privada... ou A Vida Ávida Como Ela (É)


DESABA(R)FO A VINÍCIUS (porque o Toquinho pode estar ocupado)


O teto do meu apartamento pode desabar a qualquer momento, caro diplomata.

Descobri uma infiltração de anos, quando comecei uma reforminha básica, por esses dias.

Já que aprendi a fazer esculturas na faculdade, pus a mão na massa... Literalmente.
Esbaldei-me em massa corrida, massa acrílica, sempre esquentando a massa encefálica.
Entretanto, de básica, a reforminha talvez tenha de ser avançada. Módulo II.

Mandei e-mail para a imobiliária com as fotos, em meio ao Carnaval, o que atrasará a resposta.
Mas vim aqui na internet, para documentar que, se algo acontecer comigo e/ou com os meus companheiros, Preto Van Gogh e Branco Picasso, eu avisei.

Morar no último andar não é fácil. Ainda mais quando o apartamento não é uma cobertura no Leblon, com varanda de 70m², jardim de inverno com bromélias e outras damas, e uma mesa “Bauhaus” com cor vibrante, onde constam iguarias deliciosas, feitas por uma cozinheira eficiente e carismática, com tempero materno, sob um fundo musical de qualquer cantor, que não seja o Roberto Carlos, como na novela das 9.

Em vez de luxo, eu tenho massa corrida em minha face e alma. Em vez de bromélia e outras damas, eu tenho uma lixadeira elétrica que floreia um barulho bem desagradável para mim e meus gatos. Cozinheira, nem pensar. O tempero que ando comendo, é aquele pronto do Miojo. Vez ou outra, arrisco um pouco de amor próprio, temperando o instantâneo com Sazón.
Sobre a música, no momento não ouço vossa santidade musical, mas é que eu estava treinando meus graves e, para isso, nada melhor do que tentar acompanhar o Arnaldo Antunes, que entoa a seguinte canção: "A Casa é Sua".

No mínimo irônico esse título, o senhor poderia dizer, mas é proposital. Já que eu meu autossatirizo frequentemente e, nesse caso da música do Arnaldo, em dobro, pois a voz dele, às vezes, não me deixa muito à vontade. Eu sempre acho que o titã pode perder o som da palavra em algum momento da música, pelo grave da nota.
Mas ele tem a voz naturalmente assim. Não posso esperar um Ney Matogrosso.

Voltando às minhas questões pessoais, já que "a casa é minha" (os problemas também)...

Aí, então, me dizem: Ao menos você tem um teto!
E eu respondo ao sujeito, claro que não sem antes dar um longo suspiro, abafado pelos estreitos brônquios, acometidos de poeira acrílica e “corrida”, que, por sua vez, foram acometidas de "lixa para paredes - nº 180": VÁ TE CATAR!!

E pasme! Apesar do "bocó" que vos fala, o endereço não é Rua dos Bobos, nº 0, “numa casa muito engraçada, que não tem teto e nem nada”, senhor Poetinha.

Oxalá tudo fosse música. E mesmo assim eu deveria tomar cuidado, porque até as notas musicais poderiam despencar. Cairia RÉ, MI, FÁ. Cairia até o SOL, levando o verão.
A única que ficaria (e ficou) é DÓ. De mim.

Sem mais, a não ser o bom Saravá,
D.





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01 fevereiro 2013

==>

Ninguém acreditaria na minha história, mas uma nuvem acabou de entrar aqui pela janela.
Tomou o ar como se fosse somente dela... E inflou.

Soprou, dançou e se transformou.

Primeiro, era uma flor. Talvez Camélia.
Em seguida, foi poeta. Acho que Florbela.
Depois, era mulher. Quem sabe Amélia.
Por fim, se foi. Eu já não sabia mais o que era. Só sabia que ainda era bela.

Mas eu sei que ninguém acreditaria na minha história, na minha rima, na minha nuvem e, muito menos, na minha janela. 
Diriam que é balela.



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28 janeiro 2013

==> Branco

As paredes manchadas em volta incomodavam, como se aquelas manchas fossem as responsáveis pelos respiros sufocantes que dava, pelos pensamentos que ali vinham e ficavam.

Assim, pensou em pintá-las de branco o mais rápido possível. E fez.
A cada rolada, os pelos de carneiro espichavam-se na superfície, cobrindo aos poucos o tempo, enquanto seus pelos também ouriçavam-se em sua pele. Era seu depoimento.

Cobria a tinta. Aos poucos apagava um sorriso aqui, outro ali, e algumas lágrimas estouravam ao voar com o vento. Com o coração atento, o pincel ia lento propositalmente, curtia aquele momento, como que num dia muito quente, ao saborear o sorvete doce nas mãos escorrendo, refrescando tudo que tem dentro. Gelando as veias, os órgãos, acalmando o sangue, refrescando o pensamento.

Era assim que pintava, sem técnica, talvez com conceito. Pintava e ria das marcas logo sumidas. Sujeiras de tempo e marcas de beijos.

As paredes são como os livros: falam baixinho, contam histórias; mostram imagens e lembranças.
Mas agora as paredes estão brancas.














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27 janeiro 2013

==> De novo!


Após tempos turbulentos na vida acadêmica, voltei (mais uma vez) ao mundo dos blogs.

Este último intervalo foi pequeno e eu sabia que seria.

Desta vez, pretendo não sair mais (é o que todos dizem).
Enfim... nesta terceira tentativa, estou de volta às palavras, que tanto me (a)tormentam.

As postagens anteriores a esta, importei do segundo blog, o antigo "(a)tormentos singulares", para já reiniciar com algum conteúdo. Porque eu também tenho meus caprichos...

Então, agora imaginemos que estamos num coquetel de relançamento de um singelo blog, estourando um champanhe barato, mas que vale muito mais do que quem vos fala.




Salud, kampai, cheers, salut... tin tin.

(A)tormente-se e aprecie o champanhe e as palavras!

==> D.



Imagem da internet